CONSPIRAÇÃO NÃO-VIOLENTA
‘Mais do que trazer uma solução, estimulo a conspiração, mais do que buscar respostas, incentivo as perguntas.’

Estudantes de Nashville usam de estratégia não-violenta para por fim à segregação racial nos EUA na década de 1960.
Acompanho atentamente as manifestações populares que pipocam ao redor do globo e tenho me ocupado em presenciar, na medida do possível, as passeatas e outros atos públicos em resposta aos desmandos e aberrações culturais que se manifestam atualmente.
Ao escrever artigos como este, tenho como intuito semear novos olhares que apoiem os grupos organizados a se orientarem de forma não-violenta, desocupando as mentes do combate aos inimigos e direcionando a mesma energia que seria usada para a guerra no sentido de criar estratégias e planos de ação. (more…)
REFLEXÕES DE UMA PASSEATA
Estive presente na manifestação em apoio aos professores e pela educação no Brasil acontecida nesta segunda-feira, dia 7 de outubro de 2013.
Não me espantei com esta foto e tampouco com a estimativa de 50 mil pessoas, pois de fato havia muita gente na Avenida Rio Branco.
A passeata foi um movimento festivo, um espetáculo da diversidade, muita gente diferente manifestando-se por uma causa consensualmente considerada muito relevante para a evolução da sociedade, ou seja, aspectos positivos em meio à turbulência da atualidade.
Cheguei em casa, contudo, com uma forte sensação de que tudo pode ser mais coerente e efetivo. E a conclusão que alcancei é que se entoarmos mais cantos em favor da vida, da educação, das virtudes, da nossa força de ação, do que nos conecta, provavelmente ganharemos vitalidade, coesão e eficácia.
Ontem predominaram os repetitivos ataques aos políticos advindos dos microfones e megafones dos líderes das instituições sindicais e políticas e o coro da população. Cabral e Paes como unânimes alvos, e Dilma, cujos ataques em sua direção não alcançavam a mesma intensidade.
Aquele ditado que diz “falem mal, mas falem de mim” ressoou em mim de uma forma um tanto nefasta.
Foram cantados sequencialmente dezenas, centenas de gritos de guerra e revolta, tal como o “Eu não aguento mais/ Sergio Cabral e Eduardo Paes”, e com isso, vejam o contrassenso, evocamos a presença dos dois o tempo todo.
Acompanhem a reflexão: dar peso e destaque tão evidente a estas pessoas é como retroalimentarmos a presença delas entre nós, algo antagônico ao nosso desejo mais profundo de nos vermos livres do poder sombrio que elas exercem hoje.
Além disso, a atenção toda voltada para o combate aos políticos traz um peso desnecessário que nos impulsiona à raiva e à agressão como forças motrizes.
Será esta estratégia inteligente e/ou producente?
A sensação que me toma é que se concentramos a energia de manifestação no sentido da violência, acabamos por retroalimentar a violência do Estado e da polícia.
Sim, existe uma energia agressiva habitando os corações de boa parte das pessoas que ali se manifestavam. Algo como uma herança cultural de nossa raiz ameríndia entranhada em nossa condição de povo mestiço lutando contra a opressão. E reconheço-a como uma força de resposta visceral legítima a qual devemos honrar.
Sinto, contudo, que podemos destinar menos energia aos inimigos e mais energia às forças de integração e planos de ação propositivos visando higienizar as esferas do governo e fazer as reformas que tanto necessitamos.
Tenho uma intuição de que não será preciso a guerra para sermos bem sucedidos na reforma.
Bastam inteligência, capacidade de organização e confiança mútua. E que possamos nos apoiar nos valores humanos e nas virtudes universais que nos fornecem um chão firme e partilhado.
Na medida em que as manifestações tornam-se mais educativas, culturais, celebrativas e organizativas, damos menos espaço para a violência de ambas as partes.
Sinto que é nessa direção que devemos caminhar: fazer dos encontros da multidão espaços de aprendizagem, trabalho coletivo e diversão para enriquecer e trazer eficiência aos nossos impulsos de revolta e combate.
Não tenho claramente o quê e como fazer para que estes objetivos sejam alcançados, mas lanço sementes de não-violência no terreno das manifestações populares.
Estes apontamentos são, na verdade, reflexões intempestivas da madrugada de um tempo incerto e instável.
De tudo, duas convicções:
Primeira: a violência não acabará com violência.
Segunda: para além destas questões levantadas, acredito no poder de transformação cultural da multidão organizada e estarei na próxima convergência, fazendo aqui um chamado aos irmãos e irmãs para que sejamos novamente milhões nas ruas, pela educação e pela dignidade do povo brasileiro.
Fraternalmente,
Filipe Freitas
O PRINCÍPIO DA AUTORREGULAÇÃO

Water Lilies, 2013 – http://ryanmcginley.com/
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Autorregulação é aqui compreendida como o conjunto de reações fisiológicas coordenadas que mantêm o equilíbrio dinâmico do corpo*, engendrando estados de saúde e bem-estar.**
Este princípio dispõe de uma base biológica sólida e praticamente irrefutável. Walter Bradford Cannon, biólogo que cunhou a palavra ‘homeostase’, fala de uma ‘sabedoria do corpo’: “a autorregulação constitui o fato biológico por excelência”.
Wilhelm Reich pode ser considerado o ‘cientista da autorregulação humana’, visto que este princípio é proposto com uma constância excepcional em seu trabalho e ocupa um lugar central em seu pensamento.
Como psicanalista e clínico, Reich aplicou o princípio da autorregulação de maneira concreta, original e eficaz. Nas palavras de seu biógrafo Roger Dadoun:
“O indivíduo, quando consegue prescindir em certa medida das resistências e inibições neuróticas, das pesadas sublimações morais, da angústia sexual, descobre uma capacidade maior para a autonomia, para a realização de equilíbrios dinâmicos, flexíveis, uma melhor regulação de sua existência: no trabalho, no amor, nas relações com os outros; tudo acontece como se o afrouxamento da ‘couraça’ liberasse uma espécie de competência espontânea, uma aptidão para autodeterminar-se, aniquilada, atrofiada ou neutralizada pela influência das instituições sociais e dos modelos culturais”.
Reich dizia: “As energias vitais, em condições naturais, têm uma regulação espontânea. Isso acontece no homem e em todos os outros organismos viventes”.
Para Reich, a autorregulação assegura a circulação energética, a articulação pertinente, os vínculos esclarecedores. ‘Vivente’, ‘vital’, ‘natural’, ‘biológico’, ‘espontâneo’, ‘vegetativo’, são os grandes conceitos que sustentam seu pensamento.
FORA DO EIXO E A TRANSIÇÃO CULTURAL
Li há pouco o extenso documento produzido por Pablo Capilé em resposta às 70 perguntas feitas pelo jornalista André Forastieri e me senti impelido a trazer algumas ideias acerca deste interessantíssimo debate que emergiu desde a entrevista que Pablo e Bruno Torturra concederam ao Programa Roda Viva, no dia 5 de agosto.
Primeiramente gostaria de comentar sobre o tom intimidador das perguntas do André. Senti-me em um tribunal da inquisição na Idade Média, assistindo a uma saraivada de questionamentos visando acuar o entrevistado, como se fosse uma bruxa ou um herege.
Vejo um tom enraivecido muito singular nas manifestações críticas sobre o Fora-do-Eixo e me ponho a investigar de onde vem essa fúria.
EXALAI – MOVIMENTO PELA NATUREZA DA MULHER
… que se espalhem em espiral ascendente as mulheres livres a deixar fluir a essência que expressa o primor da criação natural.
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Amig@,
Aqui publico uma intensa e divertida reportagem de 2009 da Revista TPM, cujo teor dos textos expõe uma grande revolução de comportamento.
Após compartilhar esta reportagem semana passada, conversava com amigos e amigas sobre fundarmos um movimento social em prol da natureza da mulher (e da natureza humana em sua perspectiva mais ampla).
O Exalai – Movimento pela Natureza da Mulher é uma iniciativa visando novos olhares sobre a natureza humana e a vida em sociedade.
É um espaço de interatividade para homens e mulheres que reconhecem a beleza da natureza humana e buscam estilos de vida mais próximos a ela.
Esse sentimento fundador é muito mais um incentivo a atitudes e comportamentos que contemplem a verdade íntima de cada pessoa, associado a um trabalho educativo, do que uma negação dos artifícios modernos.
Não há um modelo a ser seguido, não há uma fórmula. O aprendizado se constitui nas habilidades de fazer valer o que é próprio de cada um, o que sensibiliza, traz alegria de viver. Ao mesmo tempo permitir que o outro seja também o que lhe faz sentido e lhe traz felicidade.
UMA FORÇA MAIS PODEROSA
Inspiração para este momento de reviravolta popular.
Episódios da história humana recente que nos trazem a convicção de estratégias mais eficazes que um contra-ataque bélico em direção à força opressora.
Seguem abaixo os links para os episódios da série Uma Força Mais Poderosa – Cem Anos de Conflitos Não-Violentos, exibida pelo GNT.
Vale conferir.
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A FORÇA DA MULTIDÃO É O GRANDE LEGADO
São muitos os aspectos dignos de atenção e reflexão neste momento histórico em que a população se dá conta de sua grandeza, aqui e em todo o planeta.
Estar em multidão nos faz sentir uma enorme força espontânea que emerge da mobilização, em uma magnitude sem precedentes.
UMA VOLTA ASCENDENTE NA ESPIRAL
Uma nova atitude de cuidado, respeito e cooperatividade está emergindo e influenciando o inconsciente vital humano.
Este vídeo caseiro e anônimo (até onde pesquisei) é como o prenúncio desse novo tempo: a perspectiva masculina que se afirma, expande e desbrava dando lugar à perspectiva feminina que acolhe, consolida e nutre. “Ambas as medidas se harmonizam com o tempo, não resultando daí, nenhum dano”.
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